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Uma primeira análise de 2018

Reading Time: 5 minutesA corrida para suceder Michel Temer na presidência do Brasil inclui muitos rostos conhecidos — mas pode trazer surpresas.
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Paula Daneze

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MARINA SILVA, 58, EX-MINISTRA DO MEIO AMBIENTE

Por que ela pode vencer: Atual líder nas pesquisas, ela combina uma postura antielitista com uma plataforma econômica de centro. Mensagem anticorrupção clara, uma história de vida inspiradora. Pode ter apelo entre ricos, pobres e a classe média.

Por que ela pode perder: Um colapso no último minuto nas eleições de 2014 suscitou dúvidas sobre a lealdade dos eleitores e sua resistência. Seu partido, Rede, é pequeno e volátil. As raízes no Partido dos Trabalhadores e religião evangélica assustam alguns eleitores.

CIRO GOMES, 58, EX-DEPUTADO

Por que ele pode vencer: Tem a mensagem antielitista mais forte em uma eleição que parece ser de limpeza. Ao mesmo tempo, ele conhece bem Brasília e já ocupou os cargos de ministro da Fazenda, governador, prefeito e deputado federal.

Por que ele pode perder: Aterroriza a elite política e alguns empresários, que o veem como um demagogo. Seu Partido Democrático Trabalhista é pequeno. A retórica incendiária poderia assustar os eleitores, como fez em sua candidatura fracassada de 2002.

AÉCIO NEVES, 56, SENADOR

Por que ele pode vencer: Ficou apenas 3,3 pontos percentuais abaixo de Rousseff no segundo turno das eleições em 2014. A comunidade empresarial apoia a agenda de centro-direita de seu Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Visual de galã de cinema nunca atrapalha na política.

Por que ele pode perder: Há informações de que seu nome foi mencionado em depoimentos da Lava Jato, embora ele negue qualquer irregularidade. Raízes na dinastia política e a imagem de playboy (desatualizada, mas ainda prevalente) podem prejudicá-lo no clima atual.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, 70, EX-PRESIDENTE

Por que ele pode vencer: Liderou o boom econômico da última década. Orador incomparável. Ainda visto por um terço dos brasileiros como o melhor presidente da história. Muitos de seus seguidores acham que todos os políticos são corruptos, mas Lula foi o único que fez alguma coisa por eles.

Por que ele pode perder: Pode ser condenado e/ou preso na Lava Jato, embora ele negue qualquer irregularidade. Tem parte da culpa pelo colapso econômico e escândalos. As pesquisas mostram que cerca de metade dos brasileiros nunca votaria nele.

GERALDO ALCKMIN, 63, GOVERNADOR

Por que ele pode vencer: Governador popular do PSDB do Estado mais populoso do Brasil. Imagem parece resistir a protestos e escândalos. Supervisionou uma queda histórica no número de homicídios em São Paulo. Tem apoio da elite industrial.

Por que ele pode perder: O PSDB parece mais propenso a apoiar Neves; Alckmin poderia disputar por outro partido, mas isso é arriscado. Sua imagem de “homem bom” tem apelo em São Paulo, mas não ressoou nacionalmente na campanha presidencial de 2006, quando ele perdeu o segundo turno por mais de 20 pontos percentuais.

JAIR BOLSONARO, 61, DEPUTADO

Por que ele pode vencer: Ele atrai a crescente ala de direita insatisfeita com a corrupção, o crime e a “decadência moral” do Brasil. Está em primeiro lugar nas pesquisas entre o segmento mais rico dos eleitores.

Por que ele pode perder: Seu apoio declarado à tortura, críticas aos gays e menções nostálgicas à ditadura estão fora de sintonia com a maioria dos brasileiros. O país está se movendo à direita, mas provavelmente não tanto.

HENRIQUE MEIRELLES, 71, MINISTRO DA FAZENDA

Por que ele pode vencer: Se o governo do presidente Michel Temer for bem-sucedido, Meirelles pode ter uma chance como candidato pró-continuidade com o apoio do empresariado e, talvez, da classe média.

Por que ele pode perder: O sucesso de Temer ainda é duvidoso. Se medidas de austeridade forem implementadas para equilibrar o orçamento, Meirelles provavelmente será o rosto público de iniciativas impopulares. Dito de outra forma: Se ele fizer bem seu trabalho, pode acabar muito “desgastado” para concorrer à presidência.

JOSÉ SERRA, 74, MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES

Por que ele pode vencer: Reconhecimento do nome é chave para as eleições num país tão grande. e Serra certamente o tem depois de meio século na política, incluindo candidaturas fracassadas à presidência em 2002 e 2010. Vai competir com Meirelles para ser o candidato de Temer.

Por que ele pode perder: Apesar da reputação de centrista capaz de apresentar soluções, perdeu disputas anteriores, em parte pela falta de carisma. Da mesma forma que Meirelles, ele afundará ou decolará com base no desempenho de Temer. Apoio do partido é incerto.

SÉRGIO MORO, 44, JUIZ FEDERAL

Por que ele pode vencer: O juiz responsável pela Lava Jato é sem dúvida a figura pública mais popular do Brasil. Encarna as esperanças dos brasileiros para um futuro menos corrupto. Humilde, bom orador e fotogênico. Tem uma mente política melhor do que muitos acreditam

Por que ele pode perder: Marque nossas palavras: Ele não vai se candidatar em 2018 e, provavelmente, jamais. Ele entende que seu legado como juiz seria contaminado para sempre se entrasse para a política.

“OUTRA PESSOA”

Por que ele/ela pode ganhar: Um candidato verdadeiramente de fora, como o ex-presidente do Supremo Joaquim Barbosa, ainda poderia se materializar. Figuras com apoio regional, como Celso Russomanno ou o ex-astro do futebol Romário, também poderiam encarar o grande desafio.

Por que ele/ela pode perder: As eleições no Brasil tendem a ser definidas por três coisas: reconhecimento do nome, tempo recebido para anúncios de TV e apoio do partido. É algo difícil de obter para um candidato verdadeiramente de fora. As eleições de 2018 serão diferentes, mas provavelmente não tanto.

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Winter is the editor-in-chief of Americas Quarterly and a seasoned analyst of Latin American politics, with more than 20 years following the region’s ups and downs.

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