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Bolsonaro mirou na China – mas caiu na real

Reading Time: 11 minutesJair Bolsonaro pegou pesado contra a China durante a campanha. Mas mudou o tom depois que assumiu a presidência. Fortes laços comerciais ajudam a explicar por quê.
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SERGIO LIMA/AFP/GETTY

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Este artigo foi adaptado da matéria impressa da AQ sobre a pirataria na America Latina | Read in English | Leer en español

BRASÍLIA – No início de sua campanha presidencial, Jair Bolsonaro foi ao plenário do Congresso denunciar de forma agressiva o que ele chamou de “crime de lesa-pátria”.

Ele alertou que a China estava adquirindo controle excessivo sobre o nióbio brasileiro, um mineral obscuro mas valioso que pode ser adicionado ao aço para torná-lo mais leve e resistente. O Brasil tem mais de 85% das reservas mundiais, e Bolsonaro disse que, se aproveitadas adequadamente, elas poderiam tornar o país “uma das nações mais prósperas do mundo (…) Não podemos deixar a China entrar aqui e comprar áreas para explorar nióbio, como se estivesse retirando minério de ferro ou qualquer outro mineral! Não!” — esbravejou Bolsonaro em frente a uma bandeira brasileira. “Deixamos vazar bilhões de dólares entregando riquezas minerais para os chineses!”

Agora como presidente, no entanto, Bolsonaro está descobrindo o quão difícil é evitar que a China abocanhe o nióbio e outras commodities. A empresa responsável pela maior parte da produção brasileira de nióbio, a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), depende de exportações para siderúrgicas internacionais. “A China responde por mais (da metade) da produção mundial de aço e nós não poderíamos ficar de fora desse importante mercado”, disse Eduardo Ribeiro, diretor-presidente da empresa, em entrevista à AQ. Embora a família Moreira Salles possua participação majoritária na CBMM, cinco siderúrgicas chinesas — Bao Steel, CITIC, Anshan Iron & Steel, Shougang e Taiyuan Iron & Steel — adquiriram uma participação de 15% em 2011. Bolsonaro também criticou veementemente esse acordo. Mas, na prática, o negócio beneficiou todos os envolvidos, ajudando os chineses a garantir suprimentos futuros, ao mesmo tempo em que permitiu à CBMM desenvolver futuras aplicações de ligas de aço à base de nióbio para setores como a construção, motores e petróleo e gás. Ribeiro descreveu o acordo, que também incluiu a compra de outros 15% das ações da CBMM por grupos siderúrgicos japoneses e coreanos, como “estratégico”.

As conexões com a China também produziram outros benefícios. Em parte por causa de uma mudança nos regulamentos chineses, exigindo que o setor da construção use vigas de aço mais fortes, as vendas de lingotes de ferro-nióbio — um dos produtos mais populares da CBMM — aumentaram 26% em 2018. As instalações da mina e fundição da CBMM na cidade de Araxá estavam mais movimentadas que nunca, operando em capacidade total, com 2.000 trabalhadores. Ribeiro vê espaço para mais expansão e delineou planos para investir R$ 450 milhões (em torno de 120 milhões de dólares) em 2019 e 2020, acima dos R$ 300 milhões investidos em 2018.

O processo de fundição de nióbio na CBMM.

A história do nióbio sintetiza um dilema muito mais amplo para o novo governo brasileiro. Como candidato, Bolsonaro, apelidado de Trump Tropical, deixou claro que queria realinhar a política externa, estabelecer laços mais estreitos com os Estados Unidos e distanciar o Brasil de suas crescentes ligações com a China e outras potências emergentes. A retórica anti-China encaixa-se perfeitamente com os temas anti-esquerdistas que dominaram sua campanha. Olavo de Carvalho, o guru intelectual da família Bolsonaro e que vive nos Estados Unidos, sugeriu que se aproximar da China fazia parte de uma tendência mais ampla de “marxismo cultural” — e que 14 anos de governo do Partido dos Trabalhadores afastaram o país dos valores conservadores adotados por sua população tanto na política interna quanto externa.

Em fevereiro de 2018, Bolsonaro tornou-se o primeiro candidato à presidência a visitar Taiwan desde que o Brasil reconheceu a República Popular da China no início dos anos 70. Durante a campanha, Bolsonaro retratou a China como uma potência econômica predatória, dizendo que Pequim não está apenas “comprando no Brasil — ela está comprando o Brasil”.

Diplomatas chineses e outros membros do governo começaram a se preocupar. “Foram feitas algumas declarações fortes e isso causou muita preocupação na China”, disse Reinaldo Ma, advogado da Tozzini Freire, de São Paulo, cujos clientes incluem alguns dos maiores investidores da China no país.

Agora é o momento da verdade: será que Bolsonaro realmente vai se distanciar de Pequim? Ou a relação entre os dois países é profunda demais, dificultando um confronto? Outros líderes latino-americanos que tentaram redefinir as relações com a China, como o presidente da Argentina, Mauricio Macri, e o do Equador, Lenín Moreno, viram como é difícil fazer isso na prática. Mas nenhum outro país tem o tamanho — e, portanto, o poder de negociação — do Brasil. E é por isso que as ações de Bolsonaro estão sendo observadas de perto em toda a região: se o Brasil não puder mudar a dinâmica com a China, talvez ninguém consiga.

Também é verdade que o Brasil continua imensamente frágil na esteira da recessão de 2015–2016, com uma taxa de desemprego acima de 12%. Será que o governo pode se permitir alienar um investidor e parceiro comercial tão importante? O relacionamento já sofreu um impacto: o investimento direto da China no Brasil caiu de US$ 11,3 bilhões em 2017 para apenas US$ 2,8 bilhões em 2018, um recuo atribuído por alguns analistas às incertezas geradas pelos comentários do presidente durante a campanha. Preocupados com a nova dinâmica, vários lobistas poderosos — incluindo o a o setor de agronegócio e os militares — vêm pressionando Bolsonaro a moderar sua retórica agora que ele está no poder.

No fim de março, havia sinais de que essa facção mais moderada estava prevalecendo. Bolsonaro surpreendeu muitos brasileiros — incluindo alguns de seus principais assessores — quando, ao lado do embaixador da China, anunciou uma viagem a Pequim ainda este ano. Mas algumas pessoas próximas ao presidente garantiram à AQ que ainda havia planos específicos para distanciar os dois países. “É melhor ter um discurso suave e tirá-los dos programas de infraestrutura e das principais privatizações”, disse um deles. A batalha pelo Brasil está apenas começando.

Soja, energia e outros

A pressão para que o governo adote uma postura mais pragmática veio de alguns dos maiores apoiadores de Bolsonaro. Pedro Cervi, um engenheiro agrônomo de 55 anos de Curitiba, Paraná, é dono, desde o início dos anos 90, de 28.000 hectares de terra em uma região do nordeste do Brasil conhecida como Matopiba. Cervi, que cultiva milho, algodão e principalmente soja, exporta para a China 80% de sua produção. A safra é transportada de caminhão da fazenda ao porto de São Luis, no Maranhão. “A China é realmente importante para o Brasil, especialmente nessas novas fronteiras”, disse ele à AQ.

Soja é o principal produto agrícola brasileiro e produtores como Pedro Cervi apoiaram a eleição de Bolsonaro

Como muitos outros grandes produtores, Cervi votou em Bolsonaro na eleição do ano passado, mas espera que ele não faça nada que prejudique seus negócios. “Seria irracional prejudicar nosso maior parceiro comercial. Bolsonaro foi minha opção, mas sua visão sobre (a China) foi um pouco precipitada. Ele não estava bem informado.”

FONTE: CONAB

Enquanto isso, os investidores chineses espertamente foram abrindo caminho para um relaxamento das tensões — usando as lições aprendidas com a oposição que enfrentaram em investimentos anteriores na América Latina e na África. As empresas chinesas que operam aqui já não tentam importar trabalhadores da China. Os negócios adquiridos pela China nos últimos anos normalmente mantêm a liderança administrativa, a equipe e as marcas brasileiras. Muitas vezes, o único sinal de que uma empresa brasileira é controlada pela China são as videoconferências com a equipe chinesa. Nos últimos anos, os investidores chineses passaram a preferir direcionar recursos a ativos existentes por meio de fusões ou aquisições, em vez de investir em start-ups, ou na construção de novas operações do zero. A compra bem-sucedida de uma participação majoritária na Companhia Paulista Força e Luz (CPFL) por US$ 4,1 bilhões, feita pela State Grid, em 2016, é um dos maiores negócios desse tipo. Não é fácil encontrar qualquer sinal visível da State Grid no prédio de concreto e vidro da sede no centro do Rio de Janeiro.

O foco do interesse dos investimentos da China é amplo. Novas gigantes da tecnologia, como a Tencent, uma empresa de micropagamentos e jogos, e da Didi Chuxing —concorrente do gigante de transporte por aplicativo Uber — são cada vez mais proeminentes. Mas o setor de energia tornou-se particularmente significativo. No ano passado, a China National Petroleum Corporation — uma das quatro gigantes estatais chinesas do petróleo — comprou 20% da refinaria Comperj, no Rio de Janeiro, permitindo que suas operações fossem reiniciadas três anos depois de terem sido interrompidas no auge do escândalo da Lava Jato. Em muitos casos, as empresas chinesas estão dispostas a aceitar retornos muito mais baixos que outros investidores estrangeiros, adotando uma visão estratégica de longo prazo para seus investimentos. Rubens Sawaya, professor de economia da Universidade Católica de São Paulo, citou um caso recente em que a gigante de construção chinesa Sany ofereceu financiamento a clientes com taxas de juros “quase negativas”.

A China pagou uns 30% em excesso pela CPFL, de acordo com Adrian Landgrebe, gestor de fundos de investimentos com sede em Londres e especialista em ações da América Latina. Em 2015, a State Grid superou a concorrência internacional e abocanhou um contrato de US$ 2,2 bilhões para construir uma linha de transmissão de 2.500 km que vai da represa de Belo Monte, na Amazônia, até o Rio de Janeiro. Por que tanta generosidade? A China vê seus investimentos em eletricidade como parte de um plano global mais amplo, conhecido como Interconexão Energética Global, cuja meta é desenvolver uma rede elétrica mundial. De caráter semelhante à Iniciativa do Cinturão e Rota para cooperação internacional, a Interconexão Energética Global conta com o apoio do governo chinês e coincide com uma mudança no estilo de liderança do presidente Xi Jinping em direção a uma política externa chinesa mais assertiva. Bruno Maçães, escritor e ex-diplomata português, disse em um livro recente que essas iniciativas “têm a meta de moldar o ambiente externo para a China em vez de simplesmente se adaptar a ele”.

FONTE: Ministerio da Economia – Industria, Comercio Exterior e Servicios

É claro que muitas decisões de investimento tomadas pela China são ditadas pelas necessidades da economia chinesa e pelos próprios planos de desenvolvimento de longo prazo do governo — da mesma forma que as multinacionais ocidentais operam em nome de seus acionistas. No entanto, os compromissos da China podem ser particularmente voláteis e imprevisíveis. Depois de superar os concorrentes locais e internacionais com preços bastante inferiores para conquistar participação de mercado, empresas chinesas de equipamentos de construção como a Sany anunciaram planos de construir fábricas no Brasil. Mas ao primeiro sinal de uma recessão, esses planos foram rapidamente descartados, aumentando a instabilidade no setor. “Não tenho dúvidas de que tudo isso foi planejado”, diz Sawaya, o professor de economia.

Talvez a maior preocupação seja que os investimentos chineses e os laços econômicos com a China levem empresas e políticos a agir de maneira contrária ao interesse nacional do Brasil. O nível de influência política direta sobre as empresas chinesas varia, mas parece ser mais forte em grandes empresas de serviços públicos, como a State Grid e a gigante das telecomunicações Huawei. Em ambas, comitês de alto escalão — conhecidos como frentes de trabalhadores — ajudam a garantir que as decisões sigam as diretrizes estabelecidas pelo governo chinês. Isso assegura que “todos os remadores estejam remando na mesma direção”, diz Andrew Davenport, analista de risco da firma de consultoria RWR Advisory. Os investidores da CPFL às vezes se surpreendiam ao descobrir duas pessoas — uma do Brasil e outra da China — nomeadas para os mesmos altos cargos na empresa após a sua aquisição. “As pessoas costumavam brincar que todo mundo lá tem uma sombra”, diz um gestor de investimentos que negociava as ações da empresa.

FONTE: Atlantic Council, OECD

Política Aberta de Investimento

A verdade é que os governos recentes do Brasil foram relativamente indiferentes a esse tipo de perigo. Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-10) tenha se mobilizado para bloquear grandes aquisições de terras por chineses e outros investidores estrangeiros, os arquitetos da política externa do Partido dos Trabalhadores viam a China como um aliado valioso em seus esforços para promover uma aliança entre os países pobres do hemisfério Sul. A adesão ao BRICS — grupo que liga o Brasil à China, Índia, Rússia e África do Sul — foi aceita com entusiasmo. “Sempre foi muito amigável. Ficou claro que havia uma parceria entre os dois governos”, diz um ex-membro do governo que participou de várias cúpulas de alto nível entre líderes brasileiros e chineses. Enquanto países como Austrália e Alemanha recentemente bloquearam aquisições chinesas no setor de energia e outros setores, o Brasil tem sido a maior economia ocidental a manter uma política aberta de investimentos para a China, de acordo com um relatório recente do Cebri, centro de estudos focado em relações exteriores com sede no Rio de Janeiro.FONTE: Ministerio da Economia – Industria, Comercio Exterior e Servicios

Dentro do novo governo, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, talvez seja a voz mais estridente anti-China. Oficial de carreira que trabalhou por vários anos em Washington, Araújo anunciou oposição ao acordo climático de Paris, explicando que esse “dogma” favorece a China. “Queremos vender soja e minério de ferro, mas não vamos vender nossa alma”, disse ele a uma plateia de diplomatas em março. Eduardo Bolsonaro, membro do Congresso e o mais influente dos três filhos do presidente em questões de política externa, adotou uma linha ainda mais dura, dizendo que o Brasil se aproximou da China por “razões ideológicas”, como fez com a Alemanha nazista de Adolf Hitler nos anos 30. Tanto Araújo quanto Eduardo Bolsonaro se reuniram várias vezes com Steve Bannon, ex-assessor do presidente Donald Trump, que disse: “Estamos em guerra com a China” — e recrutou ativamente outros países para participar da batalha.

A chamada ala antiglobalista do governo brasileiro já elaborou uma agenda específica. Uma fonte disse à AQ que Bolsonaro planeja buscar laços mais estreitos com a Coreia do Sul e Japão como parceiros alternativos. Seu governo também fará acordos com Washington para exportações de commodities e investimentos em infraestrutura que possam fornecer uma alternativa regional clara à Iniciativa do Cinturão e Rota, disse a fonte, acrescentando: “Isso nos daria muita munição para vencer os chineses”. Em uma cúpula de janeiro da Organização Mundial do Comércio, Araújo criticou os subsídios estendidos pela China a empresas estatais e apoiou uma iniciativa trilateral da União Europeia, Japão e EUA para reprimir a “concorrência desleal” da China.

No entanto, há sinais de que uma ala diferente está ganhando influência no governo de Bolsonaro: os militares. Liderada pelo vice-presidente Hamilton Mourão e o ainda mais influente Augusto Heleno, ambos ex-generais condecorados, essa facção se considera como os guardiões apolíticos do interesse de longo prazo do Brasil — e, dessa forma, favorece uma abordagem mais pragmática em relação à China e às relações exteriores em geral. “A China tem um forte apetite por commodities que o Brasil produz e por investimentos para controlar algumas fases da logística, e por isso devemos tirar o máximo proveito possível”, disse Mourão. Em fevereiro, Bolsonaro nomeou Mourão para liderar um comitê que supervisionará as relações com a China.

FONTE: Ministerio da Economia – Industria, Comercio Exterior e Servicios

Um indicador do sucesso recente dos militares é a explosão de raiva vista entre os partidários mais conservadores de Bolsonaro. Carvalho, o filósofo conhecido por seus ataques frequentes e vulgares nas redes sociais, afirmou no Twitter em março que os militares querem “restaurar o regime de 1964 sob um aspecto democrático. Eles estão governando e usando o Bolsonaro como camisinha”. Alguns também expressaram desapontamento pelo fato de Bolsonaro ter perdido uma oportunidade clara de expressar uma postura mais dura durante a visita que fez a Washington em março. Questionado por repórteres sobre a China, ao lado de Trump, Bolsonaro simplesmente disse: “O Brasil vai continuar fazendo negócio com o maior número possível de países. Apenas esse comércio não mais será direcionado pelo viés ideológico como era feito há pouco tempo.”

De fato, a maioria dos sinais está apontando para mudanças leves a moderadas no relacionamento, em vez de um grande realinhamento. A China pode ser excluída de alguns acordos sensíveis de infraestrutura e tecnologia. Mas isso simplesmente colocaria o Brasil na mesma posição de muitos outros países ocidentais no momento, em vez de torná-lo líder em um novo eixo anti-China.

De fato, a maior parte do setor do comércio internacional espera que algo parecido com o status quo acabe ganhando. Ligia Dutra Silva, superintendente de relações internacionais da Confederação Nacional de Agricultura do Brasil, disse à AQ que não espera grandes interrupções no comércio — e que está focada em encontrar formas para expandir as vendas. “Não queremos nos separar ou nos distanciar da China. Apresentamos nossas demandas ao governo”, disse ela, ”e recebemos uma resposta positiva”.

Reportagem adicional de Brian Winter

ABOUT THE AUTHOR

Richard Lapper is a freelance writer and consultant who specializes in Latin America. He is an associate fellow at the Royal Institute of International Affairs in London and a member of the editorial board of Americas Quarterly. He held a number of senior positions at the Financial Times of London between 1990 and 2015 and was the newspaper’s Latin America editor between 1998 and 2008.

Richard Lapper is an independent journalist and consultant. He worked at the Financial Times between 1990 and 2015. He was the newspaper's Latin America editor between 1998 and 2008, headed up the FT's investment research service on Latin America from 2010 until 2015, and the entire emerging market research service between 2014 and 2015. Lapper was also Southern Africa burueau chief (2008-2010), capital markets editor (1994-1997) and financial news editor (1997-1998). Lapper began his journalistic career with the London-based Latin America Newsletter in 1980. He spent two years covering Central America between 1981 and 1982 and visited the region frequently in a freelance capacity during the rest of that decade.



Tags: Brasil, China, Commodities
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